Contos de Thalúrea: a Reencarnação de um depressivo! Capítulo 1
Contos de Thalúrea: a Reencarnação de um Depressivo!
Capítulo 1
'Morte e Renascimento'
"Suicidas não vão para o céu" era o que eu sempre escutava, não só de pessoas religiosas, mas também de pessoas sem religião.
O suicídio não era visto de forma normal. "Afinal, como alguém poderia não querer viver nesse mundo maravilhoso, cheio de bondade e misericórdia? Eu estou sofrendo, então os outros não podem escolher não sofrer junto comigo." Era preciso algo pior que a vida para que as pessoas não tirassem suas próprias vidas, e assim foi criado o inferno, para que pessoas como eu não existissem.
Só quero acabar com essa dor, só isso. Todas as mágoas, a vergonha dos erros e pecados se contorcem dentro de mim neste momento.
Não que eu ligasse muito para isso. Na verdade, até achava graça – ou era o que eu queria estar sentindo.
Mas aqui estou eu. Acho que deu certo. Pular do prédio mais alto da minha cidade deve ter resolvido a questão. Espero que o segurança do prédio não fique com remorso. Dei a desculpa de que iria tirar fotos da cidade sob o céu noturno, e isso, mais uma nota de 50 reais, me deu acesso à cobertura.
Achei que iria hesitar, sério, achei mesmo.
Mas foi como deitar na cama depois de um dia cansativo de trabalho. No meu caso, no lugar de cansaço, só havia tristeza, tanta tristeza que chegava a doer. Apenas deitei no ar e comecei a cair.
Nem ouvi o chão chegar.
Apesar de continuar caindo depois de sentir o impacto, eu estava em paz.
Essa escuridão que me rodeia agora parece não ter fim. Não senti dor ao bater... Acho que morri antes de sentir dor. Não sei como explicar. Essa escuridão não tem fundo? Um abismo?
Achei que, a essa altura, eu já estaria queimando no inferno.
Mas nada aconteceu por muito tempo, apenas a queda e nada mais, nada além da queda e da escuridão.
A escuridão era tão profunda e envolvente que parecia que eu estava flutuando nela, perdido no tempo e no espaço.
Então, lentamente, comecei a sentir uma mudança.
A escuridão começou a clarear, como se estivesse amanhecendo após uma longa noite. A sensação de queda foi substituída por uma sensação de flutuação, como se eu estivesse sendo carregado suavemente pela água... Água? Estou no mar? A água está quente? Estou sentindo calor ou frio?
Uma luz ofuscante. Meus olhos doíam como se eu tivesse dormido por muito tempo.
Mãos gigantes me pegaram e me puxaram para fora da escuridão. Ouvi um grito seguido de palavras indecifráveis, depois disso, uma gargalhada de um rapaz com vestes brancas e sangue nas mãos.
Ele era jovem, devia ter uns vinte e poucos anos, se eu fosse chutar, e ele abraçava e beijava a testa de uma moça que estava com o rosto coberto de suor.
As mãos que me seguravam me entregaram para essa moça. Ela tinha um olhar gentil e falou comigo algo que não entendi. O rapaz veio beijar minha testa do nada.
"Não estou entendendo nada!"
Até olhar para minhas mãos e perceber que tinha acabado de nascer.
Aquela mulher que me tinha nos braços me embalou com um carinho que eu nunca tinha sentido antes. Uma vontade de chorar veio de dentro do meu peito, e parece que toda a dor que eu sentia quando pulei do prédio tinha, pelo menos naquele momento, desaparecido.
Chorei até cair no sono.
Já faz alguns dias desde que nasci. Não sei ao certo se era isso que eu esperava. Entendia a mecânica da reencarnação, mas achei que, por ser suicida, as coisas seriam diferentes.
Eu não estou no inferno agora, e, pelo que parece, não tem nada errado comigo – claro, fora o fato de não conseguir segurar a vontade de ir ao banheiro e a fome feroz que me acomete de tempos em tempos.
Como uma pessoa como eu merecia uma segunda chance? Não conseguia entender.
Quando lágrimas vinham, a moça de cabelos negros vinha ao meu socorro, me pegando no colo e me consolando. Às vezes, cantava uma música que parecia as músicas de anime que eu gostava de ouvir antes de morrer.
O rapaz loiro sempre vinha, fazia caras idiotas e falava engraçado.
Também tinha uma mulher que aparecia de vez em quando. Acho que era uma ajudante ou algo do tipo.
A casa era de madeira, usavam velas para iluminar, e não era no meu país de origem, senão eu acho que conseguiria entender o que falavam. No começo, achei que era uma família pobre, mas tinham uma empregada, e a casa parecia ser grande.
No sul do meu país de origem, era normal as casas serem de madeira, então acho que esse era o caso. Na verdade, se fossem pobres, isso não significaria nada para mim, pois o carinho que recebi nesses dias foi anos-luz superior ao que tive na minha vida anterior inteira.
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