Contos de Thalúrea: a Reencarnação de um depressivo! Capítulo 2



 Capítulo 2


Algum tempo depois….



Esses dias fui carregado até a janela e descobri que estou em um paraíso. Não há outras palavras para isso. Da janela, pude ver plantações e florestas que se estendiam até onde minha vista alcançava, um verde que eu só tinha visto em paisagens na internet. Árvores gigantes de copas altas se destacavam no horizonte. Animais voadores cruzavam o céu – eram grandes demais para serem pássaros e voavam ao longe. No céu, pude ver o que pareciam ser dois sóis, mas acho que meus olhos me enganaram. Havia muitas mulheres trabalhando nos campos, colhendo frutos, trabalhando a terra e carregando cestas cheias, indo e voltando.

Mas não havia homens trabalhando. Na minha vida anterior, uma vista como essa sempre incluía homens trabalhando.

Será que está havendo alguma guerra ou coisa assim?

De qualquer forma, os únicos homens que vi até agora foram eu e meu pai!

Deve haver mais coisas, mas não deu tempo de ver, pois nesse dia uma moça com roupa de gente importante veio à nossa casa.

Ela vestia uma roupa preta com alguns broches que refletiam em várias cores, o que me roubou a atenção em vários momentos. Trouxe alguns equipamentos estranhos – alguns brilhavam quando encostavam na minha pele, e todos eram gelados. Acho que ficar sempre enrolado em cobertores me deixou mal acostumado.

A mulher de preto me mediu de todas as formas possíveis, tudo isso sob o olhar atento da minha mãe, que só falava quando a mulher de preto perguntava algo.

Nesse momento, minha mãe tinha um olhar de preocupação e as mãos juntas, como numa prece.

Dava para ver que a expressão dela melhorou assim que aquela mulher foi embora.

Meu pai acompanhou a mulher até a saída no primeiro andar. Quando voltou, pareceu tentar tranquilizar minha mãe com um abraço demorado.

Minha mãe era uma mulher musculosa e parecia que nem estava grávida de mim até outro dia. Não era masculina, tipo aquelas meninas de academia que tomam testosterona, mas ainda assim muito forte. Ela tinha cabelos pretos, pele clara e olhos castanhos. Sua voz era carinhosa, e ela ficava balançando uma espada de madeira no quarto quando não estava comigo nos braços.

Eu não conseguia deixar de achar isso engraçado. De vez em quando, eu gargalhava com isso. Quando isso acontecia, ela parava de balançar a espada e vinha falar comigo, fazendo aquele tipo de voz que adultos usam com crianças. Sempre tinha um sorriso lindo no rosto nesses momentos.

Depois de alguns dias, ela parou de usar as vestes brancas que vestia quando eu nasci e passou a usar roupas mais justas.

Os panos eram simples, mas havia um bordado ou outro, e nas mangas dava para ver uma costura bem feita. Em suma, uma roupa de nobre de um filme medieval de baixo orçamento.

Não sei que tipo de mulher era aquela que veio naquele dia, mas conseguir colocar medo na minha mãe era estranho e me deixou muito curioso.

Achei que talvez eu tivesse algum problema de saúde ou alguma deformação, mas, mesmo com movimentos difíceis, consegui apalpar todo o meu corpo e não notei nada de errado até agora.

Essa noite, meu pai trouxe um livro para ler para mim. Ele passava metade do dia fora, imagino que trabalhando, mas sempre voltava feliz para casa, me erguia do berço e me pegava no colo.

Meu pai parecia um modelo europeu: cabelos loiros e olhos verdes. Não era musculoso como a mãe, mas era forte. Sempre usava vestes que pareciam de padre ou coisa do tipo quando saía. Às vezes, com uma roupa normal, usava uma capa por cima, mas sempre usava uma coleira – sim, uma coleira preta com bordas metálicas e desenhos gravados por toda ela. Tinha um engate na nuca e, no lugar do cadeado, um pingente que mudava de cor, de azul a amarelo e vermelho, com o passar dos dias.

Não sei se meu pai é sadomasoquista, mas ele não tinha vergonha nenhuma de usar isso o tempo todo. Queria ter essa confiança na vida, de ser o que você quer ser sem pensar no julgamento dos outros.

Ele começou a ler para mim, e, apesar de eu não entender nada, foi engraçado. Ele encenava algumas passagens do livro. Pelo que entendi, havia um monstro, uma heroína e um mago.

A parte do monstro eu captei porque ele fazia garras com as mãos. A da heroína foi porque ele pegou a espada e ficou imitando como a mãe falava. E a parte do mago foi quando ele soltou uma bola de água no quarto, que estourou na parede, molhando metade do cômodo – seguido de um golpe da espada de madeira nas costas, desferido por minha mãe, e palavras de repreensão pela parede molhada.

Fiquei paralisado! Magia? Aqui? Baaa, eu não acredito!

Até agora, eu achava que estivesse em outro mundo, mas não que haveria magia.

Então, foi isso: a surpresa veio com um calafrio e alegria. Eu não acredito, num mundo com magia?

Tentei chamar a atenção dos meus pais porque queria ver mais magia, mas a reconciliação da discussão de antes parece ter levado a outra coisa, e eu não queria atrapalhá-los. Não serei esse tipo de criança.

Ao olhar para o teto do meu quarto, uma sensação de curiosidade e excitação tomou meu coração. Se eu conseguisse engatinhar agora, iria lá fora correndo para ver como é o mundo. Então, tinha mesmo dois sóis lá fora!

Uma coisa é certa: preciso descobrir tudo deste mundo!



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