Contos de Thalúrea: a Reencarnação de um depressivo! Capítulo 3
Capítulo 3
Começando a entender
Agora já consigo entender tudo o que falam e comecei a explorar bastante a casa, mesmo com minha dificuldade de locomoção normal de um bebê. Como desconfiei, ela é bem grande: são 10 quartos, mas só 5 são usados. Um é o meu quarto, outro é o dos meus pais, tem um quarto de treino, uma biblioteca e o quarto da Mara, que é a empregada da casa e minha babá.
Ela é uma moça de cabelos e olhos castanhos, parece ter a idade dos meus pais. Sempre me olha com um olhar de suspeita, e já a vi fazer alguns sinais para mim que, juro, parecia que ela estava expulsando algum demônio.
Mas, tirando isso, ela nunca me tratou de forma estranha.
Gosto de ir para a biblioteca, mas ainda não consigo pegar os livros do alto. Não é uma biblioteca grande, mas tem muitos livros e uma mesa onde meu pai fica periodicamente, lendo os livros e entoando encantamentos que, às vezes, até parecem uma música. Há momentos em que ele fala uma língua estranha, até mesmo para a língua deste mundo.
Acho que é só minha impressão, mas não descarto nada depois da magia que vi.
Esses livros ficam exatamente na parte alta da prateleira, que eu ainda não alcanço.
Minha mãe e meu pai me chamam de Randy, mas hoje sei que é um diminutivo de Randolph. Descobri isso porque a Mara me chama assim quando fala comigo.
Randolph Rénard é meu nome completo. Soube disso quando fui pego fuçando no quarto de treino e achei as espadas da mãe. Era uma coleção de 10 espadas de diversas cores, colocadas cuidadosamente num barril atrás de um pano pesado.
Fui chamado por esse nome completo quando, por descuido, derrubei o barril.
Minha mãe se chama Luna Rénard, e meu pai, Sorin Rénard. Meu pai é um mago da vila, e minha mãe, aparentemente, é uma espadachim que faz a proteção da vila. Ambos saem periodicamente para o trabalho.
Todo dia cedo, eles saem para correr e treinar juntos quando estão em casa.
As vizinhas fazem plateia para vê-los correr, e é notável que estão olhando para Sorin. Porém, Luna não parece se importar com isso.
Uma vez por mês, meu pai passa uns dias fora, e geralmente nesses dias minha mãe fica mais silenciosa e cabisbaixa, o que é estranho, porque tem outros dias em que ele não volta, pois vai a uma vila afastada, e ela age normalmente. Ainda não entendi o porquê disso.
Como falei antes, existem mesmo dois sóis. Castor é o nome do sol maior, e Polox é o nome do sol menor. Os dois ficam um logo abaixo ou ao lado do outro. Meu pai contou várias histórias sobre eles. A lua é normal, só que bem maior que a da minha vida passada, pelo que pude perceber.
O quintal é grande, com muitas árvores frutíferas, e é protegido por uma cerca de pedras.
Gosto de ver a mãe treinando à tarde quando ela está em casa e de acompanhar meu pai testando feitiços numa pedra no fundo da casa antes do jantar.
Ele consegue usar magia de vento e água e também magia de cura.
Ele faz chover para regar as árvores do quintal sempre que as plantas precisam e, de tempos em tempos, rega as plantações da vizinhança.
Ele diz que é um mago de 4º Círculo. Pelo que entendi, cada círculo corresponde ao poder ou à dificuldade de uso da magia. Logicamente, pedi para ele me ensinar, mas ele recusou, dizendo que, assim que eu fizer dois anos, a inspetora do reino virá me ver e fará um teste de magia/aura em mim.
Assim, poderei começar a treinar magia ou espada, dependendo do meu tipo de uso de mana. Ele me explicou que magos usam círculos e guerreiros usam octogramas para canalizar o mana de maneiras diferentes. Disse para eu ter paciência e brincar em vez de pensar nisso.
Nas noites em que todos estavam em casa, meus pais me levavam para o quarto deles depois do jantar para contar histórias do mundo ou ler algum livro. Me colocavam no meio deles, e era sempre legal, pois um geralmente completava o que o outro esquecia. Era engraçado e, normalmente, acabava em gargalhadas barulhentas.
— Bom, meu garoto — disse Sorin —, hora de dormir. Assenti com um “Sim, senhor”, dei um beijo em Luna e pulei da cama! Fui para o meu quarto.
Mas, antes que eu pudesse chegar ao meu quarto, já podia ouvir os gemidos vindo do quarto dos meus pais.
Na minha vida anterior, eu sequer tinha ouvido meus pais falarem de sexo. Porém, aqui, ouvia quase todos os dias o ato em si.
Não que eu ligasse. Ficava feliz por eles, e quem sabe uma irmãzinha ou um irmãozinho não estavam a caminho em pouco tempo? Dado o ritmo deles, era de se esperar. Eles eram um casal jovem, na casa dos vinte anos, então isso era normal de qualquer jeito.
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