Contos de Thalúrea: a Reencarnação de um depressivo! capítulo 7


Capítulo 7


 A tutora da Capital Mira Aelar






Meu nome é Mira Aelar. Sou professora da escola de magia.

Estava passando minhas férias em Rovid, no interior de Amíctica. Eu e outras professoras decidimos desbravar um labirinto da cidade esse ano. Fiquei muito entusiasmada com a ideia; fazia tempo que não explorava labirintos. Relembrar meus tempos de aventureira era muito bom. Tenho saudade da liberdade, mas não da falta de segurança. Foram bons tempos de imprudência!

Como os monstros desse labirinto eram medianos, podíamos sentar um pouco para descansar entre um andar e outro. Explorar um labirinto com amigas tão queridas é muito divertido.

Voltamos antes da hora do almoço. A estalagem estava cheia para o almoço, então decidimos ir a uma taberna. Bebemos a pior cerveja e comemos a pior comida de lá, rimos muito e, quando fui embora, uma mensageira real estava me esperando na estalagem.

Tentei não falar mole, mas estava muito bêbada. Arrumei-me como pude e, ao me entregar o envelope, ela me lançou um olhar de reprovação e uma fungada ainda mais reprovadora antes de se virar para ir embora.

A mensagem dizia:

Senhorita Mira Aelar!

Por ordem real, você foi destacada para a educação pessoal de um pequeno estame que demonstrou grande potencial mágico.

Sua presença é requerida na capital da nação o mais brevemente possível.

Uma reunião será agendada para que informações importantes sejam passadas pela Inspetora Adjunta da Unidade de Controle de Estames, Adélia Pierce.

Um estame? Ha, que perda de tempo.

Todos os alunos estames que tive se desinteressaram de estudar com o tempo. O fascínio pelos jardins os tira dos trilhos. Alguns resistem, mas são raros. Magos de renome são ainda mais raros.

Seria mais interessante ensinar alguma pistilo da corte com potencial!

Preciso dormir!

E, com uma bela e vindoura ressaca, minhas férias acabaram.


Com minha volta à capital, a reunião com Adélia foi marcada com urgência na sede da agência da Divisão de Controle, que cuidava dos estames do reino.

Era um trabalho muito sério, e isso podia ser visto no semblante das pessoas que trabalhavam ali.

Adélia não era diferente. Tinha um olhar de quem sempre está pensando em outra coisa, e essa outra coisa era sempre triste.

— Então, Senhorita Mira, obrigada por nos atender tão rapidamente! — disse Adélia.

— Bom, era um decreto real. Não que eu não viesse rapidamente se não o fosse — respondi.

— Agradecemos muito! Seu currículo é impressionante, Senhorita Mira. Uma maga de sexto círculo antes dos 30 é uma grande conquista — falou Adélia.

— Obrigada. Me esforcei bastante — respondi.

— Mas o motivo de termos te escolhido foram as notas de suas alunas. Todas que tiveram aulas com você aumentaram seu crescimento mágico, e suas notas melhoraram muito — disse Adélia.

— Bom, tento me colocar no lugar delas. Já fui aluna antes; acho que isso ajuda muito no meu trabalho.

— Esplêndido — respondeu Adélia.

— Você será enviada para a vila de Chaj, uma pequena vila no lado leste do reino, do lado mágico. Sei que vive na capital hoje em dia, mas li que foi aventureira. Deve estar acostumada com a vida no campo, presumo? — perguntou Adélia.

— Sim, mas na época eu era aventureira.

— E claro, hoje você é uma renomada professora. O motivo de estarmos te mandando para lá é para ensinar um jovem mago quadra-elementar.

— Quadra-elementar? Isso é impossível — respondi, com incredulidade.

— Sim, o primeiro que se tem notícia desde a era dos heróis. Existem relatos nos textos antigos, mas são muito imprecisos.

— O garoto em si é muito inteligente. Eu mesma fiz o teste de aptidão, e ele fez tudo de primeira, com apenas dois anos — respondeu Adélia.

— A senhora mesma fez o teste? — perguntei, intrigada por ela ter ido tão longe para isso.

— Sim, uma velha amiga tinha dado à luz um estame, então quis ver como ela estava indo — respondeu Adélia.

— Entendo — respondi, mas pensei: “Quem seria amiga de uma mulher dessas?”

— Um quadra-elementar… Não imagino tudo que ele pode realizar em sua vida! Por isso, devemos cuidar de seu futuro. Sua educação será o alicerce de seu conhecimento mágico. Vai ser uma grande responsabilidade — disse Adélia.

— Entendi, e vou fazer o meu melhor.

— É claro que sim — disse Adélia. — Ser mestra do primeiro quadra-elementar do mundo será uma grande vitrine para você. Depois disso, poderia até pedir uma vaga de professora na cidade voadora. Quanto ao salário, não se preocupe, vamos cobrir seu salário atual com bônus — completou Adélia.

— Não busco fama, inspetora, não mais. Ensinar se tornou minha vida, e ver minhas alunas crescerem já está muito bom pra mim — respondi.

— Não teria te escolhido se fosse de outra forma — disse Adélia.

— Mantenha as aulas dentro da propriedade deles o máximo possível, saindo somente se for uma magia perigosa.

— Apesar de haver perigo, fazer segredo sobre ele só deixaria os países vizinhos nervosos. Aumentamos a segurança da região, porém fique ciente de que pode haver tentativas de sequestro. Não baixe a guarda — disse Adélia.

— Entendido. Farei como pede! — respondi.

— Você tem algum tempo para arrumar suas coisas. Escolha os livros que levará para as aulas; deixarei uma carruagem para transportar o material — disse Adélia.

— Ah, já ia esquecendo, leve isso contigo — Adélia pegou um pacote grande enrolado em um cobertor.

— Isso é a recompensa que pediram por terem um filho homem. Peço que entregue ao casal por mim. Cuidado, isso vale uma centena de moedas de ouro — disse Adélia.

— O que seria? Se é que posso perguntar. E as mães do estame são um casal?

— São cópias de um dicionário na língua do dragão — falou Adélia.

— Mas isso é possível? Só temos um na escola, e o uso dele é bem restrito — falei, incrédula.

— Exato, é bem raro. O pai do garoto veio de Wiccaria, o país das bruxas, e cresceu como exilado em nosso reino. Trouxe isso consigo.

— Quanto à sua segunda pergunta, ele é filho de um casal hétero: um estame mago e uma guerreira. Tem algum problema com isso? — perguntou Adélia.

— De forma alguma — respondi. — É que isso é bem raro, sabe!

— Eu sei. Aqueles dois tinham um futuro enorme, mas jogaram tudo pro alto para brincar de aventureiros numa vila do interior — falou Adélia, com pesar.

— As outras informações estão nesse relatório — disse Adélia, me entregando um grande caderno de anotações.

— Tem mais alguma pergunta? — perguntou Adélia.

— Não, inspetora. Ah, esqueci de perguntar: qual o nome do garoto e dos seus pais?

— O nome do estame é Randolph Rénard, filho de Luna e Sorin Rénard, heróis do casamento das rainhas — respondeu Adélia.

— Ah? Sim, entendo — respondi, perplexa.

Enquanto estava na carruagem, folheei as anotações e li sobre os Rénard, mas, como a carruagem chacoalhava bastante, tive de esperar chegar em casa para terminar de ler.

A história dos heróis do casamento era bem conhecida.

Sorin Rénard e sua parceira Luna, que depois se casou com ele, protegeram a princesa mágica Nimue antes de seu casamento com a princesa da espada, Lysandra. Devido a um erro de uma capitã da guarda pessoal da princesa na casa de campo real em Ridan, ela ficou apenas com sua guarda pessoal, Luna, uma guerreira renomada.

Sorin era apenas um mago que regava os campos e ajudava os fazendeiros da região.

Um exército criado por opositores marchou em segredo para Ridan para matar a princesa mágica antes de seu casamento e coroação como rainha. Mas foram pegos de surpresa por Sorin e Luna. Sorin invocou uma chuva infundida com magia de cura, e Luna, que podia lutar sem parar sem se preocupar com ferimentos, tornou-se uma lutadora que não morria. O exército opositor nunca chegou à mansão real. Os soldados que fugiam eram atingidos pelos raios que Sorin fazia cair do céu. O casal que destruiu um exército! Assim eram cantadas as canções sobre eles nas tabernas do reino até os dias de hoje.

Isso tudo é surreal demais! Não conseguia parar de pensar nisso.


Chegando à casa dos Rénard…


As assistentes da cocheira me ajudaram a descer as coisas da carruagem. O pequeno Randolph veio me receber. Era um belo estame, herdou os cabelos negros da mãe e os olhos verdes do pai. Falava muito bem na língua dos homens para uma criança de quase 3 anos.

Era um prodígio. Só de bater os olhos, já pude ver seu potencial. Só me incomodou o fato de ele girar o círculo mágico o tempo todo.

Além de gastar mana, eu não sabia se, a qualquer momento, receberia um ataque mágico surpresa.

Ao entrar na casa, a mãe veio me receber. Pude conhecer uma das heroínas do meu país, a Berserker da Morte, aquela que matou mais de 100 guerreiras em uma única noite. Luna era uma beldade. Não imaginaria que fosse mãe se não soubesse. Simpática e graciosa.

Características que eu não esperava.

A casa era grande, e a sala de treino era muito boa, parecia ter passado por uma reforma recente.

Ao acabar de arrumar o básico no meu quarto, fui dar a primeira aula com Randolph. Não era exatamente a primeira aula, mas eu queria ver o potencial dele.

Ele era mesmo um quadra-elementar. Não que eu duvidasse da inspetora, mas é incrível ver alguém usar os quatro elementos assim. E não só isso: ele é esperto como uma pistilo.

Ele pega tudo de primeira. Sinto que vai ser muito satisfatório treinar esse pequeno estame.




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