Contos de Thalúrea: a Reencarnação de um depressivo! capítulo 8


Capitulo 8

 O pequeno mago



Já faz quase dois anos que comecei a estudar com Mira. Aprendi muito sobre magia, este mundo e etiqueta. Aprendi sobre geografia, monstros mais comuns e aritmética. Apesar de Mira ser uma professora de magia, parece que o trabalho dela é me ensinar um pouco de tudo, mas o foco continua sendo a magia.
Minha "piscina" de mana já virou um pequeno rio. Aprendi a recuperar minha mana circulando-a do ambiente para dentro do meu círculo mágico. Claro, para isso, tive de aprender a sentir a mana do mundo.
Comecei praticando exatamente isso. Precisei meditar por muito tempo para começar a sentir a mana, mas, depois de um tempo, passou a ser natural.
Todo o aprendizado sobre magia é assim: pequenos passos que se completam em algo grande.
Meu segundo círculo já está no meu coração, mas ainda não posso fazê-lo girar.
Mira diz que a evolução de um mago vem do entendimento da magia, e não só da quantidade de mana ou do estudo. Tudo isso ajuda, mas é o entendimento que se materializa no círculo mágico.
Pelo que minha mestra me explicou, no primeiro círculo, o mago consegue criar fenômenos e manipulá-los até certo ponto. Com a adição de mais círculos, esse controle e criação aumentam a cada círculo alcançado.
Como possuo mais de um elemento, estou aprendendo a fundir esses elementos para criar fenômenos diferentes. Por exemplo, se eu criar uma bola de ar e adicionar fogo, ela vai explodir. Por outro lado, se criar uma bola de água e esfriá-la com vento, com o tempo ela congela. Apesar de gastar mais mana, esses fenômenos são muito úteis, embora eu só consiga fazê-los plenamente a partir do 4º círculo.
Estou tendo aulas de combate mágico e contra espada com Luna e Mira. Mira diz que isso é muito importante, pois em algum momento posso enfrentar um espadachim, e experiência nesse momento é tudo. Acho que eles já esqueceram que tenho apenas 4 anos.
No começo, tinha medo de me expressar neste mundo, pois sou mais velho por dentro do que por fora. Mas fui naturalmente esquecendo isso e me tornando algo que não sei explicar. É como se eu fosse os dois juntos, como se o ______________ antigo e o Randolph atual fossem apenas um.
Sorin continua me ensinando línguas. Hoje, já consigo entender a língua dos homens e comecei a estudar a língua dos elfos e dos anões.
A língua do dragão eu estudo desde que ganhei o livro de Sorin. Ainda não a dominei, por causa da sua dificuldade, mas já consigo utilizá-la em encantos simples.
Uma vez memorizado o encanto na língua do dragão, você só precisa dizer os elementos principais do encanto para obter o resultado, o que poupa tempo. Mas errar na memorização não tem um resultado muito bom: uma bola de fogo pode explodir ou coisa pior. Mira só me deixa usar a língua do dragão em feitiços quando tem certeza de que os memorizei sem erros.
Sorin diz que a língua do dragão precisa ser estudada por longos anos para o domínio total. Ele mesmo a estuda desde pequeno e ainda tem dificuldade.
O fato de eu poder usar quatro elementos, sendo que ninguém consegue, me deixa feliz.
É infantil, eu sei, mas estou me dando esse direito nesta vida. O meu eu fracassado da minha vida anterior nunca sentiu isso, nem em seus melhores momentos.
Meus devaneios são interrompidos pela voz de Mira, pois já está na hora da aula.
Corro para a sala de treino, mas trombo com Mira saindo.
— Me siga, garoto.
Na aula de hoje, fomos para fora de casa. Mira estava voando em sua pedra e, parando pra pensar, fazia dias que eu não a via andar com as próprias pernas, apesar de ela me cobrar corrida todos os dias. Isso me deixou meio bravo.
— Bom, Randy! Assim como o primeiro objeto criado pelos seres vivos foi o bastão, usado para atacar o inimigo e espantar o perigo, a magia de ataque foi a primeira criada no mundo mágico. Por isso, é a primeira magia ensinada aos iniciantes.
— Então quer dizer que a magia foi criada para a guerra, mestra?
— Sim, você está correto. Porém, hoje existem muitos usos para a magia: magias de invocação, cura, aprimoramento, transformação, barreiras...
— Ainda hoje, muitas magias são usadas no combate, e é certo dizer que o poder de um país está no número de magas com círculos altos — respondeu Mira.
— Quando você entrar na escola de magia, poderá aprender esses diferentes tipos de magia, claro, de acordo com seu potencial.
— Cada pessoa tem um tipo. Digamos que você possa se dar bem em magias de invocação, mas não em cura. Isso é bastante comum, aliás.
— Mas como fico sabendo com qual tipo tenho compatibilidade? — perguntei, imaginando um teste como o anterior com os elementos.
— Um teste é feito após o exame de admissão na escola. Lá, você vai saber com qual tipo de magia tem facilidade de aprender.
— Então tem um exame? Hummm — perguntei, intrigado. — E como é esse exame, mestra?
— Não posso dizer, seu bobinho. Mas fique tranquilo, é só ser você mesmo — respondeu Mira, com um sorriso.
— Bom, viemos aqui fora para você praticar seu controle mágico. Então, sente-se aqui.
Sentei-me no chão como ela mandou, fechei os olhos e comecei a meditar.
Quando senti a mana ao meu redor, Mira começou a dar instruções.
— Agora, crie uma pedra e a mantenha rodando ao seu redor.
Recitei a magia e criei uma pedra pequena. Controlando o fluxo de mana, mantive-a voando por um tempo antes que ela caísse ao meu lado.
— Você perdeu a concentração? Estava pensando em quê? — gritou Mira.
— Agora, crie duas pedras e as mantenha no ar até eu mandar parar — disse Mira, com firmeza.
Quando consegui, ela aumentou para quatro pedras.
Depois, desceu da pedra e tirou três velas de um saco de pano. Colocou as três de pé à minha frente.
— Acenda a vela do meio. — Agora, as duas das pontas. — Agora, apague-as com uma gota d’água. — Agora, comece acendendo a da direita. — Agora, a vela da esquerda...
Como tudo que aprendi neste mundo, com o tempo vai ficando mais fácil. A cada evolução, minha mestra não deixa de notar e me elogia. Era incrível.
Nunca tive isso na minha vida passada.
De fato, não me dava bem com elogios na minha vida anterior. Não sabia como agir, acabava tomando uma atitude estranha e afastava a pessoa que me elogiava.
Uma memória que sempre me vinha à mente, por mais que eu lutasse para esquecer, era de quando eu tinha sete anos e fui ridicularizado pela minha professora em frente à classe inteira por não conseguir resolver um exercício de aritmética.
Fui chamado de burro. Não que eu não estivesse acostumado a isso – em casa, era normal; minha mãe nunca me deixava esquecer o quanto eu era burro. O problema era a professora, que deveria me ensinar, também me chamar de burro. Com o tempo, acabei concordando.
Desde então, criei um bloqueio de aprendizado que só foi quebrado muito tempo depois. Mas ele ficou enraizado em meu coração por muito tempo, numa época preciosa para todas as crianças.
— "Prometo nunca deixar de aprender" — dizia a mim mesmo, mesmo durante as aulas de Mira. Nunca vou decepcioná-la.




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