Contos de Thalúrea: A reencarnação de um depressivo! Capítulo 15
Capítulo 15
Marika e o caminho para a capital
Ponto de vista de Marika
O balançar incessante da carruagem está me irritando. Não sei ao certo se a situação do meu sobrinho vai piorar, mas pelo menos Brea conseguiu fazê-lo beber um pouco da poção de cura. Não sei se isso será suficiente para curá-lo do dano que aquela desgraçada causou.
Se alguma coisa acontecer com ele, juro que vou me culpar pelo resto da minha vida! Não achava que sofreríamos um ataque desse lado do país. Andrassi está praticamente do outro lado do mapa.
Esse ataque parece ter sido planejado às pressas, embora tenham tido tempo para capturar goblins e usá-los como distração. A ausência de magos definitivamente as prejudicou, mas, se elas tivessem um mago aqui, acredito que isso teria sido nosso fim.
Randolph... Ele enfrentou corajosamente uma guerreira de quarto nível e conseguiu feri-la gravemente. Que tipo de treinamento ele recebeu para atingir tal habilidade? Luna... Sorin... Que tipo de criança eles criaram? Lembro-me do nosso duelo alguns dias atrás e de como fiquei impressionada com as habilidades dele. Dois círculos mágicos em um garoto de apenas 8 anos não é nada comum. E os quatro elementos já não eram incomuns demais?
Eu costumava achar que a segurança dele era exagerada, mas agora percebo o quão ingênua fui.
O que estou pensando? Só espero que as magas cheguem logo! A próxima cidade fica a quase um dia de viagem daqui... Cicélia, por favor! Proteja meu sobrinho!
***********************************************************************************
Ponto de vista de Brea
Consegui fazer Randy beber um pouco da poção de cura, mas ainda não tenho certeza da extensão dos danos. Suas pernas e braços estão claramente quebrados, mas fico preocupada se alguma costela também foi atingida. Calculo que em breve nos encontraremos com as magas de combate, e espero que tenham pelo menos uma curandeira habilidosa entre elas.
Fiz o que estava ao meu alcance para protegê-lo, mas essa sensação de impotência continua me atormentando. Será que é isso que as mães sentem em relação aos seus filhos? Claro, Randolph não é meu filho, mas o conheço desde que ele tinha apenas 2 anos. Já se passaram 6 anos desde então, embora pareça que foi ontem.
Os cavalos estão parando? Espero que não seja outro infortúnio.
***********************************************************************************
Alívio
O encontro com as magas de combate trouxe alívio a Marika e Brea. Um sorriso de gratidão se desenhou em seus rostos ao verem as magas se aproximando. Marika deu ordens para que o grupo parasse e montasse acampamento próximo à estrada, e todos se apressaram em seguir suas instruções.
Quando as magas chegaram ao acampamento em formação, os sinais de combate eram evidentes em seus corpos, com cortes e arranhões visíveis. Era óbvio que um ataque havia ocorrido. As magas de combate rapidamente começaram a avaliar a situação. Entre elas, duas eram especializadas em cura. Uma se dirigiu à carruagem onde Randolph estava para avaliar seu estado e iniciar o processo de cura.
Outra maga cuidou das cavaleiras mais gravemente feridas, enquanto as demais ofereciam suporte com mana ou se ocupavam de garantir a segurança do acampamento. Randolph estava agora fora de perigo, mas permaneceria desacordado por algumas horas, devido ao processo de cura e à exaustão de sua mana.
Marika deixou a carruagem para ajudar na patrulha ao redor da caravana, enquanto Brea se concentrou em fazer um relatório detalhado do que havia acontecido. A notícia de que Randolph estava fora de perigo trouxe alívio a todos, mas o cansaço do combate se abateu sobre as guerreiras. Aquela noite foi silenciosa no acampamento, uma raridade desde o início da viagem.
***********************************************************************************
Ponto de vista de Randy
Acordei com o teto da carruagem sobre mim. Brea dormia com um caderno de anotações no colo, e uma mulher com uma roupa branca e uma capa com o brasão de Amicítia gravado estava ao seu lado.
Essa mulher sorriu quando me viu acordado e perguntou como eu estava.
Foi nesse momento que me recordei de tudo que aconteceu. Tudo veio à minha mente de uma única vez. Não achei que o ocorrido me afetaria tanto. Pensei que estava pronto para o que iria enfrentar neste mundo, mas ainda não estou.
A mulher se levantou, mediu meus batimentos, verificou minha temperatura e saiu da carruagem.
Logo após, Marika entrou.
Ela me ergueu alto e me abraçou tão forte que tive dificuldade para respirar.
— Graças a Cicélia! Que susto, meu garoto!
A mulher que havia saído me trouxe um pão e um caldo com um aroma muito gostoso. Parecia que eu não comia há uma semana. Comi feito um monstro.
— Isso é resultado da magia de cura que usei em você — disse a mulher. — Me chamo Katherine, sou uma Maga de Combate de Amicítia.
— É um prazer conhecê-lo!
— O prazer é meu, e muito obrigado!
— Imagina. Você estava bem ferido, deve ter passado por muita coisa.
— Não, não quero passar por isso novamente — falei, sorrindo. Queria rir, mas não consegui.
— A propósito, duas cavaleiras caíram enquanto me protegiam. O que aconteceu com elas?
— Elas estão bem. Quando fui até a explosão que você causou, passei por elas e deixei poções de cura com elas.
— Elas falaram que você agiu como uma maga de suporte durante a luta. Isso é verdade?
— Sim, tentei. Queria ter ajudado mais, mas, na hora, não consegui usar a língua do dragão adequadamente.
— Por isso treinamos muito! E não pediremos a uma criança para fazer melhor. Sua atuação foi louvável, Sir Rénard. É uma honra fazer parte de sua escolta até a capital — disse Katherine, fazendo uma leve reverência para mim.
Marika concordou com Katherine e continuou a conversa. Ela queria saber como foi meu combate com a líder das caçadoras de Andrassi. Ela chamou de combate, e eu chamei apenas de tentativa desesperada de sobreviver.
Enquanto isso, Brea parecia uma escrivã, anotando todos os diálogos da conversa com uma destreza incrível.
Quando a conversa acabou, os preparativos para a parte final da viagem já haviam terminado.
Saí da carruagem e fui saudado pelas cavaleiras que passavam por mim com "Bom trabalho, garoto!", vivas e vários tapas violentos nas costas!
E, com isso, partimos rumo à capital real.
Comentários
Postar um comentário