CONTOS DE THALÚREA: A REENCARNAÇÃO DE UM DEPRESSIVO! CAPÍTULO 17

 

Capítulo 17


O alojamento dos estames



Gratcia nos acompanhou até o alojamento dos estames e explicou algumas regras de convivência: toques de recolher, o uso restrito de magias, punições, como me portar e etc. Nada fora do comum.

Marika bufava de tédio ao ouvir as regras, o que resultou em um olhar severo de Brea para ela, completamente ignorado. Marika adiantou os passos e parou na minha frente.

— Daqui em diante, meu trabalho está cumprido, garoto. Está em segurança! Espero que detone nos estudos.

— Sim, tia, muito obrigado pela escolta e por me ajudar durante os treinos.

Marika fazia carinho na minha cabeça com sua mão gigantesca.

— Tivemos alguns problemas, mas no final deu tudo certo!

— Deixe sua mãe orgulhosa, garoto. Ela merece. Bom, seu pai também, mas não diga que eu falei isso!

Nós rimos juntos por um tempo.

— Pode deixar, tia Marika!

Marika se despediu depois de bagunçar meu cabelo novamente e, olhando para trás uma última vez, disse:

— Sua mãe já deve ter falado isso, mas deixe o cabelo crescer. Ficaria uma graça!

— Pode deixar, vou pensar nisso!

Marika sorriu enquanto se afastava. Gratcia fez um som com a boca, demonstrando que estava com pressa, e eu e Brea a acompanhamos.

Brea pegou o caderno e começou a anotar algumas coisas — ou continuou a escrever, já que não a vi fazer outra coisa desde que chegamos à escola.

O alojamento em si não tinha nada de extraordinário, exceto pelo tamanho, que era gigantesco. Telhado vermelho de barro, lindamente construído, e paredes brancas. Janelas de madeira escura destacavam o número de quartos neste alojamento.

Havia uma cozinha no primeiro andar e um salão de jogos com diversos tabuleiros, sofás e poltronas ao lado de uma lareira enorme.

Meu quarto ficava no último andar. Como era de se esperar, era enorme. Havia uma cama de casal, um guarda-roupa de madeira de lei, uma estante para livros, uma escrivaninha com uma cadeira, um baú e um banheiro com banheira. Uma janela gigante proporcionava uma vista para o jardim central da escola, onde alunos liam sob as árvores e praticavam magia. Era surreal.

Era um paraíso, e até na minha vida passada isso seria considerado um paraíso.

Minhas coisas estavam amontoadas no meio do quarto e, como esperado, mudanças sempre dão trabalho para organizar. Mas eu estava feliz de poder arrumar do meu jeito.

Gratcia perguntou se eu estava com fome e, com minha negativa, ela se retirou. Antes de sair, deixou um aviso:

— As aulas começam amanhã às 8. Não toleramos atrasos aqui, por favor, seja pontual. Como amanhã é o seu primeiro dia, apresente-se na sala 7 para conhecer os outros alunos.

— Ok, entendido, e muito obrigado.

— Não há de quê. Até amanhã, Senhor Randolph. — Gratcia se afastou de ré antes de se virar para a porta.

Brea me ofereceu ajuda para desembalar minhas coisas, mas eu recusei, percebendo que ela também estava exausta. A olheira que ela desenvolveu nesta viagem a deixava com cara de zumbi.

Comecei a organizar minhas coisas, e isso continuou até a noite. Isso trouxe muitas lembranças da minha vida passada. Fazer as coisas sozinho para mim era natural como respirar. Apesar de querer mudar isso nesta vida, não há como não curtir esses momentos solitários. Mas, diferente da minha vida anterior, hoje tenho pessoas que me apoiam e torcem por mim. E, pela primeira vez nesta vida, senti o amor da minha família mesmo estando tão longe.

Seis horas da manhã. Gratcia trouxe um conjunto de uniforme para mim: todo preto, com uma camisa de botões pretos até a gola e sapatos pretos. O símbolo de Amicítia estava gravado na gola, nas mangas e nos botões. Parecia simples, mas era muito elegante.

Desci para tomar café e, pela primeira vez na minha vida neste mundo, vi tantos meninos reunidos. Claro, eles eram crianças, mas mesmo assim... meninos como eu, estames como eu.

— Olha lá, o aluno novo! Qual é o seu nome? Bem-vindo! Espero que sejamos amigos! — Falavam todos juntos em uma cacofonia indescritível. Um dos alunos me disse que é difícil um estame novo se juntar ao grupo, por isso estavam tão animados.

Todos foram muito amigáveis, talvez até demais. É assim que os meninos são neste mundo? Geralmente, pelo menos na minha vida passada, sempre havia uma certa disputa, e o aluno mais forte ou mais violento se impunha aos demais, ainda mais com novatos como eu. Não que eu quisesse ser vítima de bullying no primeiro dia de aula, não é isso! Era apenas estranho. Será que eu também sou assim? Isso seria ruim?

E, o mais importante, por que eu estava julgando os outros? Absorto em meus pensamentos, um dos meninos, chamado Nelson, me perguntou em qual classe eu estava.

Respondi que era na classe 7, e ele fez uma cara de que eu estava ferrado. Ao perguntar por que ele estava com aquela expressão, ele respondeu com "Você vai ver" e começou a rir, cutucando outros que o seguiram na risada. Deu vontade de lhe dar um soco. Não sabia se estavam rindo de mim ou para mim. Passei muito por isso na minha vida passada e, sinceramente, nunca soube como reagir.

— Não ligue pra eles, eles só estão te enchendo o saco!

Olhei para a frente e quem me respondeu era uma menina. Espera aí, menina? O uniforme que ela usava era masculino, mas sua maquiagem, cabelos e até o perfume eram de mulher. Feições finas, olhos azuis e cabelos longos, loiros e bem cuidados.

Ainda confuso, soltei um:

— Você é?

— Christie, sou aluna da classe 5 e faço parte do clube de implementos mágicos da escola — disse ela (ou ele), estendendo a mão para um cumprimento.

— Randolph, prazer em te conhecer. — Ao segurar sua mão, pude sentir que era macia e delicada, assim como todo o resto.

Terminando o café ao lado do meu novo amigo, que consistia de pão, queijos e um chá preto forte, mas muito saboroso, tentei me adiantar, pois não sabia onde ficava a sala 7. Perguntei para Christie, que tentou me explicar, mas, como eu não conhecia a escola, foi a mesma coisa que nada. Agradeci a tentativa mesmo assim.



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