CONTOS DE THALÚREA: A REENCARNAÇÃO DE UM DEPRESSIVO! CAPÍTULO 20



Capítulo 20


 A preguiça


Ao oeste do mundo de Thalúrea, ergue-se o continente dos monstros e dos seres imortais — terras estéreis que voltaram à vida após a última grande guerra demoníaca. Foi nessas terras que a demônia da luxúria encontrou seu fim e, com seu último suspiro, declarou a destruição de todos os homens. O continente ficou repleto de cadáveres de demônios e heróis, com rios de sangue que desaguavam no mar. Envenenado pela morte e pela tristeza, tornou-se inóspito à vida. Séculos depois, graças ao incansável trabalho dos deuses, o continente ganhou vida novamente. Hoje, monstros — crias de Artemísia, a deusa da natureza, e Zarvanth, o deus dos monstros — caminham por essas terras, enquanto os filhos de Idaéria, deusa da imortalidade, ergueram seus reinos imutáveis.

Nos dias atuais, o contato entre os reinos do leste e do oeste é raro, seja pela predominância matriarcal das raças ou pela falta de avanço tecnológico.

Porém, é no continente do oeste que, nesta noite, o último suspiro de Pestifexus, o antigo deus da pestilência, ressoa por uma terra cheia de cicatrizes e amarguras. A Preguiça finalmente desperta de seu sono. Seu domo negro se eleva no deserto de sal, na fronteira entre a terra dos monstros e o reino dos imortais — um lugar onde nada nasce ou vive, e os ventos imitam o choro de uma mãe que acabou de perder seu filho.

A Preguiça recebeu a menor parcela do poder de seu pai. Era o mais fraco dos sete pecados, mas, como os outros seis diziam, também o mais inteligente. A Ira, o mais burro, foi o primeiro a deixar este mundo. Sentindo a chegada dos dragões, a Preguiça põe seu plano em ação. Sabia que era fraco e que não sobreviveria a uma guerra; por isso, escondeu-se por tanto tempo, adiando ao máximo seu nascimento neste mundo. Apesar de sua inteligência, não tinha a ambição dos irmãos: a Ganância seduziu os anões com riquezas, a Inveja forjou guerras ao lado dos elfos, e a Luxúria usou os humanos a seu bel-prazer.

A Preguiça, porém, não tinha nada disso — nem vontade, nem poder. Ainda assim, lembrando as palavras de seu pai de causar o maior estrago possível a este mundo em honra ao Deus da Destruição, ele decidiu agir. Seu pai, mais fraco que todos os outros deuses juntos, dividiu seu poder entre os sete para ampliar a destruição. Inspirado por isso, a Preguiça pensou em fazer o mesmo. Embora incapaz de agir diretamente, poderia criar arcontes que trariam desgraça a muitos — quanto mais, melhor. Analisou o estado atual do mundo e começou sua criação, reservando parte de seu poder para resistir ao ataque iminente dos que se aproximavam. O cansaço com que nasceu pesava em seu corpo, que latejava de preguiça. Pela primeira e última vez em sua curta vida, amaldiçoou seu pai por tê-lo criado.

Os ataques das crias da vontade do mundo caíram sobre ele, clareando o céu noturno e trazendo o dia entre explosões de poder mágico. Trevas, luz, água, fogo, céu e terra desabaram contra ele. A Preguiça desejou desistir várias vezes. Seu corpo sangrava, sua pele branca e leitosa se partia em dor e sofrimento.

Um gemido preguiçoso, acompanhado de um bocejo, marcou sua queda na areia escura do deserto inóspito. Os dragões o sobrevoavam, e os ataques cessaram. O silêncio foi rompido por quatro sombras que se debatiam na areia, lutando para emergir do corpo moribundo de seu criador. O dragão de fogo os amaldiçoou:

— Malditos demônios e seus planos sombrios! Destruam-nos antes que se separem!

Os ataques recomeçaram até que apenas cinzas restassem. O dragão da luz abençoou os arredores para evitar danos a longo prazo pela corrupção do demônio, e os seis dragões se afastaram, alegres com o sentimento de dever cumprido. Estavam confiantes de que as quatro sombras não haviam se separado de seu mestre e de que o último suspiro do Deus da Pestilência fora destruído.

Enquanto isso, em uma duna formada pelo vento fétido, Azaroth, a deusa da mudança, observa os acontecimentos com um sorriso no rosto. Seu corpo muda de forma a cada respiração. Como irmã do falecido Pestifexus, ela se entristece pela perda do sobrinho quase natimorto, mas se alegra por sua morte e descanso. Nunca se arrependeu de trair seu irmão, que desejava a destruição do mundo e sua estagnação — uma estagnação que traria a morte da Deusa da Mudança.

— Foi apenas pela minha sobrevivência, a minha e a de Zarvanth também. Você foi idiota por querer cumprir a vontade de nosso pai, irmão.

Azaroth gargalha ao fim da batalha, percebendo o quão tolos foram os dragões ao acreditarem que impediram o mal de seu irmão de se espalhar por esta terra. Com um sorriso, ela antecipa as mudanças que esses eventos futuros trarão. Afinal, mudanças, sejam boas ou más, ainda são mudanças…



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