Contos de Thalúrea: A reencarnação de um depressivo! Capítulo 11
Capítulo 11
Reflexões de Randolph!
Já faz mais de dois anos que minha mestra voltou para a capital. Sinto muita falta das aulas e nunca pensei que um dia sentiria isso desde que terminei meu ensino médio, o que é muito cômico e triste.
Nesse tempo, Luna ficou grávida e agora tenho duas irmãzinhas. Ambas têm os cabelos pretos da mãe e os olhos do pai. Seus nomes são Elowen e Gwendolyn. Por serem gêmeas, os nomes foram escolhidos para rimar. Típico de pais com filhos gêmeos, mas, pelo menos, eles não as vestem com as mesmas roupas. Sempre achei esse tipo de atitude meio babaca.
Elas são muito choronas e lindas. Tento ser o irmão que ajuda a cuidar delas, apesar de não ter muito jeito com isso. Eu era o caçula na minha vida passada, então está sendo um sentimento novo para mim.
O treino com a bala mágica está indo muito bem, pelo menos eu acho. É difícil não ter alguém para apontar nossos erros.
Já estou bem acostumado com ela, embora não esteja no mesmo nível da mestra Mira, que fez a magia enquanto falava comigo e flutuava em sua pedra voadora. Fico imaginando o nível de concentração mágica para fazer isso. É absurdo.
Preciso treinar cada vez mais.
Sorin e Luna estão me ajudando com combates simulados. Luna sempre me lembra que, como estame, preciso estar preparado para me defender, manter-me alerta, e Sorin reforça isso.
— O perigo fora das cidades é muito grande para os estames, e mais perigoso ainda para um mago! — ele diz.
Fora isso, a única língua que ainda me falta um entendimento completo é a do dragão. As outras consigo falar e entender muito bem.
Sorin e Luna sempre conversam comigo na língua dos elfos ou dos anões em dias alternados, para me forçar a usá-las.
São ótimos pais, tenho de admitir. Nasci em uma família boa. Pelo menos dessa vez tive sorte.
Os dias são felizes, e quero guardá-los o máximo que puder em meu coração para quando eu for para a capital.
Na minha vida passada, não tive pais. Tinha uma pessoa que eu chamava de mãe, mas ela só me chamava de inútil e me batia bastante regularmente, além de outras torturas psicológicas. Chegou até a quase perder minha guarda por causa disso. Meu pai trabalhava em São Paulo e, como morávamos no interior, só voltava para casa nos fins de semana. Acho que isso era muito difícil para minha mãe, e ela descontava em mim. Meu pai via isso acontecer e não falava nada. Assim fui crescendo. Quando o bullying começou na escola, meus irmãos traziam as piadas das crianças da escola para dentro de casa. Com isso, eu sofria bullying em casa e na escola.
Não tive infância e achava que, uma hora, ia morrer de desgosto. Mas isso nunca aconteceu. Infelizmente.
Foi nesta vida que aprendi o que é ter um pai e uma mãe. Sorin e Luna se esforçam para me guiar da melhor forma que podem e me ensinam o que acham que preciso saber. Podem errar, mas não por omissão.
Sou realmente amado nesta vida, e a única forma de agradecer é amando de volta, mesmo não sabendo muito como se faz isso.
Espero conseguir dar orgulho a eles em minha vida a partir de agora e para sempre.
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Em outro lugar…
No extremo leste do Império Tribal de Andrassi, um forte com vista para a divisa com Thalúrea. Duas pistilos de extremo valor para o império estão apreciando a paisagem por cima de um muro fortificado.
Uma terceira figura se junta às duas. Ela se ajoelha e começa a se reportar:
— Temos informações de que o estame quadra-elementar vai ser movido!
— Quando? — pergunta a mulher sentada, enquanto toma um gole de vinho em uma taça dourada.
— Em breve, senhora! Ele irá diretamente para a capital!
— Se ele chegar lá, vai ser difícil ter outra oportunidade! — diz a mulher em pé, apoiando-se no parapeito do forte.
— Eu sei! Mas ele está do outro lado do país. Vai ser difícil mandar caçadoras!
— Não é um pedido! Além do mais, você já está devendo.
A mulher sentada para de beber e abaixa a cabeça.
— Sua última caçada foi um fracasso! Como vamos negociar se não temos mercadoria? Não ligo que você brinque um pouco, mas danificar? Se continuar assim, sua unidade não valerá mais o gasto.
— Quer voltar a treinar as crianças? Sei que você odiava isso!
— Não, senhora! É uma vergonha! Peço por sua misericórdia mais uma vez.
— Que seja a última. Deixe que as educadoras quebrem a mente deles. É trabalho delas tornar a mercadoria utilizável.
— Entendido!
— Além do mais, vai ser interessante. Quero ver aquelas vadias de Amicítia chorando por perder uma mercadoria importante.
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