Contos de Thalúrea: a Reencarnação de um depressivo! capítulo 5

 


Capítulo 5



A visita da inspetora




Naquela noite, Sorin voltou para casa. Geralmente, ele voltava com uma expressão séria, e ele e Luna levavam alguns dias para voltar ao normal.

Mas, nesta noite, eles estavam radiantes. Sorin me pegou no colo e me ergueu o mais alto que conseguia. A alegria dos dois era contagiante.

— Meu filho, um quadra-elementar, como nos contos antigos! — dizia Sorin, enquanto me girava no ar.

— Vai machucar o Randy! — advertia Luna.

— Mas isso é tão raro assim? — perguntei.

— Sim, e muito — disse Sorin.

— A maioria dos magos consegue usar, no máximo, dois elementos, e, em casos muito raros, três. Um quadra-elementar pode fazer muito mais do que um mago comum. Você vai ver isso com o tempo! — respondeu Sorin.

— Mas, pai, você consegue usar cura também, não é? — perguntei, me lembrando de uma vez em que me machuquei com uma lasca da escada.

— Sim, eu posso. Mas, como você já sabe, cura não é um elemento, e sim um tipo de magia, assim como invocação, suporte e transformação. Depende da predileção de cada mago. É mais difícil de identificar por meio de testes. Só com o tempo você vai saber em qual se focar — respondeu Sorin.

— Esta conversa está muito pra mago para meu gosto, e você vai ter bastante tempo pra aprender tudo isso com o tempo.

Concordando, Sorin pegou a caneca de cerveja que estava tomando e bateu contra a caneca de Luna, gritando:

— Fizemos ele bem-feito!

Luna corou, mas concordou, enquanto desferia um chute na canela de Sorin.

Essa noite foi diferente para eles, e eu fiquei feliz por, mesmo sem querer, ter contribuído para que se sentissem bem.

Como combinado, na manhã seguinte, Adélia voltou, trazendo apenas uma assistente.

Cumprimentando Sorin e Luna, elas entraram. Assim que Adélia sentou na sala, disse à assistente:

— Pode ir.

A assistente prontamente subiu as escadas e começou a olhar a casa, fazendo várias anotações em um caderno.

Mara passou pela sala carregando uma muda de roupas.

— Francamente, vocês poderiam ter trazido alguém da capital para esse trabalho, não é? — perguntou Adélia, mais como uma crítica do que uma pergunta.

Sorin sorriu sem graça, e Luna desconversou.

— Então, o que você veio fazer aqui mesmo? — perguntou Luna, com a mesma intenção de Adélia.

— Pensaram na recompensa?

— Sim — respondeu Sorin, pegando um livro antigo com uma capa preta e uma figura descascada desenhada nela.

— Quero uma cópia desse livro. Se o copiador fizer uma cópia pra ele também, não há problema.

Pegando o livro e folheando, Adélia sorriu.

— Ok, considere feito. Só vou precisar de alguns meses.

— Achei que vocês iam pedir algumas terras ou um título, mas devia ter imaginado isso, vindo de vocês.

— Um dicionário na língua do dragão é muito raro. Vou cuidar muito bem dele — falou Adélia.

— Mas a situação do garoto é especial. Se precisarem de algo mais, não se acanhem!

— Muito obrigado — respondeu Sorin.

— Agora, vou passar as ordens de Sua Majestade!

— Majestade? — perguntou Luna.

— Sim. Vossa Majestade da Magia, Nimue, já está ciente do garoto e me pediu para levá-lo à capital. Mas, como sei que vocês não querem isso, recomendei cuidarmos dele aqui até que ele complete 8 anos. Foi o melhor que pude fazer — disse Adélia.

Os dois aceitaram a contragosto.

— Sei o quanto Luna odeia a capital e o que vocês tiveram de fazer para que essa união acontecesse. Sua Majestade também levou isso em conta.

— Se fosse só por ser seu filho, isso não seria possível, mas, devido aos desdobramentos de ontem, as coisas mudaram.

— Estou destacando algumas espadachins para esta área, e uma professora virá da capital para ser sua tutora.

— Estamos bem longe de Andrassi, mas tenho certeza de que, se soubessem de um quadra-elementar, ainda mais um estame, Andrassi não hesitaria em mandar um grupo de caçadoras para pegá-lo.

— Elas que tentem — disse Luna, com determinação.

— Sei que você é forte e pode defender sua família, mas isso não depende mais apenas de vocês.

— Após os 8 anos, o garoto vai para a escola mágica de Andor, na capital, terminar seus estudos. Isso não é ótimo? — perguntou Adélia.

— Em certo ponto, sim — respondeu Luna. — Por outro lado, estamos escolhendo como a vida de um garoto de dois anos vai ser.

— Quanto ao conhecimento mágico, Sorin poderia ensiná-lo. Ele já está ensinando Randy a ler; não seria difícil fazer isso — completou Luna.

— O trabalho de Sir Sorin na clínica apotecária é muito importante, e sei que ele faz chover nas plantações de toda a região. Acho que ele já faz muita coisa.

— Sem falar no “Jardim da Abundância” desta vila. Sua semente, capaz de gerar uma criança quadra-elementar, é muito importante para o reino. Espero que não esteja negligenciando suas obrigações, Sir Sorin — advertiu Adélia.

— É claro que não. Sei bem das minhas obrigações como um estame — respondeu Sorin, irritado.

— De fato, Sorin faz muita coisa — disse Luna.

— Pois bem, só estamos tendo essa conversa por causa do potencial do garoto. Senão, já teria deixado o decreto real e ido embora — falou Adélia, mostrando a importância que Randolph tinha.

— Um quadra-elementar pode fazer um estrago inimaginável. Sorin é um duplo-elemental, e sua contribuição na batalha de Ridan foi fundamental. Aliás, vocês dois podem dizer que acabaram com aquela batalha sozinhos — continuou Adélia.

Ela queria engrandecer os dois, mas só conseguiu arrancar sorrisos sem graça.

— Então é isso! — Enquanto Adélia falava, a assistente voltou e entregou as anotações. Adélia disse:

— A casa se mostra satisfatória. Somente farei algumas modificações na sala de treino e trarei livros para os estudos. E, em razão de manter a segurança de Randolph, os treinos de magia serão mantidos dentro da sala de treino, saindo somente se a magia for muito perigosa. Mas vou advertir a tutora sobre isso.

— Alguma pergunta? — perguntou Adélia, ao terminar de falar.

Os dois não tinham pergunta alguma. Na verdade, já estavam preparados para isso, só não esperavam que o reino entrasse em suas vidas dessa forma novamente, e com essa velocidade. Mas não havia o que fazer.

Assim que a reunião terminou, Adélia apresentou Brea, a assistente que ficaria na vila e passaria relatórios sobre minha evolução para Adélia, que voltaria para a capital.

Naquela noite, a casa dormiu em silêncio.

Seis meses se passaram. Nesse tempo, mulheres vieram modificar a sala de treino, e Luna começou a treinar no quintal. Comecei a acompanhar o treino dela. Com as guerreiras que Adélia destacou, os trabalhos de Luna diminuíram, e ela só é chamada quando um monstro realmente forte aparece.

Já estou dominando bem o vocabulário do reino humano e falta pouco para a fluência. Estudo todo dia, e Sorin corrige meus erros diariamente, me elogiando bastante por aprender tão rápido.

Herdei isso da minha vida anterior. Eu era muito bom em aprender novas línguas. Neste mundo, existem apenas quatro: a língua dos humanos, a dos elfos, a dos anões e a dos dragões. Essa última é muito interessante, pois não se pode mentir enquanto se fala nela. É a língua da verdade, ou pelo menos é tratada assim. Documentos importantes e decretos reais são sempre redigidos usando essa língua.

O estudo das línguas com Sorin veio da vontade dele de passar um tempo comigo, já que não vai poder me ensinar magia. Exceto nos dias em que ele precisa ir ao Jardim da Abundância da vila, temos aulas todos os dias.

Os dias dedicados aos estudos e à busca por conhecimento passaram rapidamente. Aprender com meus pais tem sido uma experiência enriquecedora, algo que não tive na minha vida anterior. Estou aproveitando cada momento com gratidão.


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